Texto adaptado de ZeroHedge
O presidente Trump agitou o cenário comercial ao anunciar, de forma inesperada, um aumento drástico da tarifa sobre produtos chineses, elevando-a para 125% com efeito imediato. Em suas redes sociais, ele justificou a medida pela falta de respeito da China aos mercados mundiais e afirmou que o país precisa entender que explorar os EUA e outros países não é mais aceitável.
No entanto, em uma reviravolta surpreendente, Trump também anunciou uma pausa de 90 dias e uma tarifa recíproca substancialmente menor (10%) para os mais de 75 países que demonstraram interesse em negociar soluções para questões comerciais, barreiras tarifárias, manipulação cambial e outras práticas, e que não retaliaram contra os Estados Unidos a seu pedido.
Bolsas Americanas Disparam com a Notícia
A notícia da pausa nas tarifas para alguns países gerou uma forte reação positiva nos mercados de ações americanos, com altas significativas (entre 7% e 9%). Essa euforia ajudou a reduzir pela metade as perdas acumuladas desde o “Dia da Libertação” (referência a um evento anterior que impactou os mercados). Até mesmo o Bitcoin teve um salto, quase apagando as perdas recentes.
Secretários Americanos Buscam Acordo, China Mantém a Postura Dura
O Secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, classificou a China como a “maior fonte de problemas comerciais dos EUA” e informou que estava se reunindo com representantes de Japão, Vietnã, Índia e Coreia do Sul para negociações. Já o Secretário de Comércio, Howard Lutnick, descreveu a postagem de Trump como “extraordinária” e afirmou que o mundo está pronto para trabalhar com o presidente para resolver os problemas do comércio global, enquanto a China teria escolhido o caminho oposto. Bessent confirmou que México e Canadá também estão incluídos na “pausa” tarifária, apesar de aparentes retaliações anteriores. A Europa, que também retaliou, não foi mencionada.
A Resposta da China: Novas Tarifas e a Promessa de “Lutar até o Fim”
Após um período de silêncio inicial, a China respondeu às novas tarifas americanas. Segundo a Bloomberg, o país planeja impor suas próprias contramedidas, com uma taxa tarifária efetiva de cerca de 84% sobre produtos americanos, intensificando ainda mais a guerra comercial. Essas novas tarifas chinesas devem entrar em vigor na quinta-feira. A notícia veio um dia depois de a China prometer “lutar até o fim” caso os EUA insistam em novas tarifas. Vale lembrar que as exportações chinesas já enfrentavam tarifas impostas anteriormente pelos governos Trump e Biden. Além disso, a China adicionou seis empresas à sua lista de entidades não confiáveis e 12 entidades americanas à sua lista de controle de exportação. Inicialmente, Trump justificou o aumento de 34% nas tarifas sobre a China como uma forma de equiparar as barreiras que Pequim impõe às empresas e produtos americanos, e depois aumentou as tarifas em resposta à retaliação chinesa.
China Publica “Livro Branco”: Uma Defesa da Relação Econômica com os EUA
Em meio à escalada das tensões, a China divulgou um extenso “livro branco” detalhando sua relação econômica com os Estados Unidos, classificando-a como fundamental para a estabilidade global. O documento apresenta estatísticas sobre o comércio bilateral e afirma que a China não busca deliberadamente um superávit comercial. Segundo o livro branco, o desequilíbrio comercial entre os dois países é resultado de questões estruturais na economia americana e das vantagens comparativas e da divisão internacional do trabalho entre eles.
Pequim Joga a Carta da Diplomacia, Mas Ameaça Retaliação Severa
A agência de notícias estatal chinesa Xinhua destacou que o livro branco surge em um momento de crescente unilateralismo e protecionismo nos Estados Unidos, o que prejudicou significativamente a cooperação econômica e comercial normal entre os dois países. O documento critica as medidas americanas, classificando-as como isolacionistas e coercitivas, contrárias aos princípios da economia de mercado e do multilateralismo, e com sérias repercussões para as relações bilaterais. Apesar das críticas, a China afirma ter tomado “contramedidas vigorosas” para defender seus interesses nacionais, mas mantém o compromisso de resolver as disputas por meio do diálogo e da consulta, realizando várias rodadas de negociações com os EUA para estabilizar as relações econômicas e comerciais. O livro branco conclui que a cooperação, e não o confronto, é essencial para o crescimento econômico global, a governança tecnológica e a segurança, instando os EUA a buscar uma solução vantajosa para ambos os lados por meio do diálogo, reforçando a ideia de que guerras comerciais não têm vencedores e o protecionismo leva a um beco sem saída.
Analistas Surpresos: A Reação Inicial da China e a Estratégia de Pequim
A ausência de uma resposta imediata da China às novas tarifas americanas (que elevam a taxa efetiva para 104%) surpreendeu analistas do Goldman Sachs, que observaram que, em ocasiões anteriores de aumento de tarifas por Trump, Pequim retaliou em questão de minutos. A divulgação do livro branco e de um documento de perguntas e respostas do Ministério do Comércio chinês, reiterando a disposição da China em dialogar com os EUA, foi vista como uma mudança de tática.
Intervenção nos Mercados? China Tenta Sustentar suas Bolsas em Meio ao Caos
Curiosamente, os mercados de Hong Kong e da China continental apresentaram uma recuperação inesperada, mesmo com as notícias negativas sobre a guerra comercial. Analistas apontaram uma compra líquida recorde de ações por investidores locais e estrangeiros como um fator importante para essa recuperação, sugerindo uma possível intervenção do Banco Central da China (PBoC) para sustentar os mercados.
O Próximo Capítulo: Mais Volatilidade e a Necessidade de Estabilização
O cenário da guerra comercial entre EUA e China continua incerto e volátil. A decisão de Trump de dar uma pausa seletiva nas tarifas, seguida pela retaliação chinesa, demonstra a complexidade e a imprevisibilidade dessa disputa. Ambos os lados provavelmente precisarão de políticas de estabilização para seus mercados e economias para enfrentar essa batalha comercial. Alguns analistas já especulam que a instabilidade nos mercados poderia até forçar o Federal Reserve (o Banco Central americano) a adotar medidas de relaxamento monetário de emergência. Acompanhe de perto os próximos capítulos dessa saga que impacta a economia global.