Bolsas recuam nos EUA após alta histórica da véspera

Guerra comercial e possível recessão preocupam investidores

Texto adaptado do ZeroHedge

Ontem, o mercado financeiro dos Estados Unidos viveu um dia de euforia, com um dos maiores saltos da história nas bolsas de valores. A razão? Muitos interpretaram as falas de Trump como um alívio de tensões.

No entanto, a alegria parece ter durado pouco. Como disse Nathan Thooft, da Manulife Investment Management: “ainda acreditamos que a preocupação com as tarifas está bem viva.

A instabilidade do mercado funciona para os dois lados: para baixo e para cima. O caminho adiante provavelmente terá mais altos e baixos, já que não temos uma conclusão. Na verdade, parece que a negociação das tarifas vai se estender”.

Dois indicadores econômicos importantes divulgados hoje, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) e os pedidos de seguro-desemprego, diminuíram um pouco o medo de uma estagflação (uma situação ruim com inflação alta e economia parada). Mas, como muitos estão comentando, o CPI mostra o que já passou.

Bret Kenwell, da eToro, levantou uma questão crucial: “a queda na inflação é um sinal de melhora ou de uma grande queda na demanda?”.

Ele explicou que, para o Banco Central americano (Fed) reduzir as taxas de juros e aliviar a pressão sobre os consumidores, precisamos ver a inflação cair. Mas, se essa queda acontecer por causa de uma forte desaceleração da economia, colocando empregos em risco, não seria o melhor caminho.

E o que aconteceu com o otimismo de ontem?

Sinal vermelho nos mercados

A mesa de operações do Goldman Sachs notou uma reversão, com os principais índices de ações caindo. A pressão para vender aumentou muito depois da forte alta do dia anterior.

Parece que os investidores estão se desfazendo de seus investimentos, especialmente em fundos que acompanham o mercado (ETFs), empresas financeiras e do setor de consumo.

Ao mesmo tempo, estão comprando em setores de serviços de comunicação. Os fundos de hedge também estão vendendo mais do que comprando, focando em se livrar de ações de consumo e saúde, enquanto investem em produtos macro (que dependem da economia geral).

E o dólar? Está se desvalorizando rapidamente em relação a outras moedas.

O ouro em alta, Bitcoin em baixa

Em um cenário de incerteza, o ouro disparou, atingindo um preço recorde. Essa foi a maior alta do ouro em dois dias desde os momentos mais tensos da pandemia de Covid-19.

A moeda digital Bitcoin também apagou quase todos os ganhos que teve ontem.

Crédito de alto risco e títulos públicos em alerta

Os títulos de dívida de empresas com maior risco (High Yield credit spreads) estão ficando mais arriscados novamente. Da mesma forma, os juros dos títulos do governo americano (Treasury yields) também estão subindo.

E um sinal ainda mais preocupante: a diferença entre os contratos futuros de uma taxa de juros importante (SOFR swap spreads) está caindo novamente, indicando problemas no mercado de financiamento.

Stan Shipley, da Evercore ISI, resumiu a situação com uma frase forte: “É a calmaria antes da tempestade”. Um trader experiente de um grande banco também comentou em particular: “A coisa está quebrando de novo… ontem pareceu o momento perfeito para vender”.

Os pessimistas tinham dois argumentos principais:

  1. As tarifas de Trump são uma questão de ideologia e podem persistir.
  2. O mercado ainda não está preparado para uma possível recessão econômica.

E talvez esses argumentos ainda sejam válidos.

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