Veja o impacto do novo imposto EUA-China e o risco de recessão

Implementação de impostos representa risco para a economia americana

O economista-chefe da UBS Global Wealth Management, Paul Donovan, levantou nesta quarta-feira (9) preocupação significativa sobre recente decisão de Trump. De forma surpreendente, foi implementado um aumento de impostos sobre produtos vindos da China, com um impacto direto nos consumidores americanos.

Aumento de impostos EUA-China: como afeta os consumidores?

Imagine que você compra um produto da China. De repente, o preço desse produto mais que dobra devido a um novo imposto. É basicamente isso que aconteceu com a decisão de aumentar em 104% os impostos sobre bens importados da China.

A medida, classificada por Donovan como “extraordinária”, significa que os consumidores americanos terão que pagar muito mais caro por uma variedade de produtos chineses.

Risco de recessão nos EUA causado pelas tarifas

A principal preocupação é que esse aumento de impostos possa levar a economia dos EUA a recessão de forma mais rápida. Por quê? Porque quando os preços dos produtos sobem, as pessoas tendem a comprar menos.

Se consumidores gastam menos, as empresas vendem menos, podem ter que reduzir a produção e até mesmo demitir funcionários. Essa reação em cadeia pode desacelerar a economia e, em casos mais graves, levar a uma recessão, que é um período de declínio significativo na atividade econômica.

Impacto na China

A economia da China também será afetada negativamente por essas tarifas, já que seus produtos se tornam mais caros e, portanto, menos competitivos no mercado americano.

No entanto, Donovan aponta que quanto maiores e mais frequentes forem essas rodadas de tarifas, menor será o impacto adicional (marginal) no crescimento econômico de outros países. Isso sugere que, embora prejudicial, o impacto de cada nova tarifa pode ser relativamente menor do que o da anterior.

O caso do chá

Para ilustrar a situação, o texto menciona que US$ 55 milhões em chá importado da China estão sujeitos a esse aumento de 104% no imposto.

Curiosamente, o economista-chefe do UBS faz uma referência histórica a 1773, quando o Reino Unido reduziu os impostos sobre o chá. Essa comparação implícita sugere que, historicamente, a redução de impostos sobre bens de consumo era vista como uma medida mais favorável à economia.

A ameaça à troca de “promessas” por bens

Por muitos anos, os Estados Unidos convenceram outros países a trocar bens e serviços valiosos por títulos do governo americano (uma forma de “promessa” de pagamento futuro). Essa dinâmica econômica agora está sob ameaça.

Mesmo com a queda nas bolsas de valores mencionada no texto, os rendimentos dos títulos (o retorno que os investidores recebem por comprar esses títulos) aumentaram significativamente. Isso pode indicar uma perda de confiança na capacidade ou disposição dos EUA de honrar essas “promessas”.

Possível intervenção do Federal Reserve

O Federal Reserve (Fed), que é o banco central dos EUA, poderia intervir se o mercado de títulos se tornasse “desordenado”. Um exemplo de desordem seria se a China, grande detentora de títulos do Tesouro dos EUA, decidisse vender uma grande quantidade desses títulos de repente. Essa ação poderia causar instabilidade no mercado financeiro.

O texto compara essa possível intervenção à ação do Banco da Inglaterra durante a crise econômica do governo Truss no Reino Unido. No entanto, Donovan ressalta que um mercado fraco, mas funcionando de forma relativamente normal, não justificaria uma intervenção do Fed.

O “imposto Temu” e a percepção dos consumidores

Além das tarifas gerais, os EUA também aumentaram o imposto sobre pequenas encomendas (bens “de minimis”) a partir de 2 de maio. Isso significa que os consumidores americanos agora pagarão impostos sobre pacotes pequenos que antes poderiam entrar no país sem tributação.

Politicamente a medida, apelidada informalmente de “imposto Temu” (referência à popular plataforma de comércio eletrônico), torna visível para os eleitores que as tarifas elevam os preços e que o custo final é pago pelos consumidores domésticos.

Incerteza na política comercial

Finalmente, o texto destaca que as divergências públicas entre pessoas próximas a Trump aumentam a incerteza sobre a política comercial dos EUA e sobre a perspectiva de acordos comerciais futuros.

Quando há discordância dentro do próprio governo, fica difícil entender quais são os objetivos reais da administração em relação ao comércio internacional, o que gera mais instabilidade e imprevisibilidade para as empresas e para a economia global.

Em resumo, Paul Donovan aponta que a implementação de um aumento significativo de impostos sobre produtos chineses pelos Estados Unidos representa um risco para a economia americana, podendo acelerar uma recessão.

Embora a China também seja afetada, o impacto marginal de novas tarifas pode diminuir. A medida também ameaça a relação de troca econômica estabelecida ao longo dos anos e expõe os consumidores americanos ao aumento de preços, tornando visível o custo das tarifas. A incerteza gerada por divergências internas no governo americano em relação à política comercial só agrava o cenário.

Compartilhe

plugins premium WordPress